É fácil falar que vale a pena ou não importar com o dólar alto. Muita gente faz isso sem analisar os dados e os impactos do dólar. Mas a verdade é que precisamos analisar com cuidado todos os fatores, para saber o que fazer quando o dólar varia bruscamente.
Então aqui, eu trouxe para vocês, o que é fundamental para que você possa tirar sua própria conclusão e claro, lá no final e te direi a minha. Será que vale a pena importar com o dólar alto?
Essa alta do dólar assustou a todos, especialmente nós, importadores e futuros importadores… afinal de contas o dólar tem impacto direto no nosso negócio.
Então, vamos entender um pouco de como funciona a oscilação do dólar.
Existem dois fatores que fazem com que o dólar aumente ou diminua. Uma delas é em relação a macroeconomia, coisas que acontecem em escala global que influenciam na economia de forma integrada, como um todo.
E o segundo fator que tem pressão direta no dólar é o especulativo, que nada mais é do que se basear numa crença de que um cenário econômico pode continuar favorável ou não. E isso tem relação direta com dados econômicos e políticos no curto prazo.
Por exemplo, crise política, dados da pandemia, bolsa de valores, enfim, são fatores que influenciam diretamente na variação cambial do nosso país.
Quer ver um exemplo na prática…
De repente a segunda maior economia do mundo, o país que mais exporta e importa do globo, a China, parou de funcionar, fechou as fronteiras e teve que focar em conter o vírus. Obviamente que isso afetou a cadeia global de suprimentos.
Com isso tivemos a queda do consumo, bolsas despencando e cada vez mais incertezas sobre o vírus. O pior cenário para os investidores, sem dúvida nenhuma.
E o que eles fazem neste momento? Procuram por ativos considerados mais seguros, como o dólar por exemplo, a moeda mais forte do mundo.
A alta ou a baixa do dólar é baseada lei da oferta e da procura, ou seja, se tem muito dólar entrando ele abaixa, se tem dólar saindo, ele aumenta.
Com a pandemia, o Brasil está exportando menos, então é menos dólar entrando.
Não tem jeito, esses dois fatores fizeram com que houvesse uma escassez da moeda americana e como resultado, tivemos essa alta muito acima do normal.
O DOLAR ALTO DE HOJE PODERA SER O DOLAR DE BAIXO DE AMANHA.
Não acredita? Calma que eu vou explicar…
Por exemplo, no dia que eu preparei esse artigo 07/05/2020, o dólar estava R$ 5,72. Há aproximadamente 5 anos, em fevereiro de 2015, o dólar estava metade do preço R$2,86. Aí eu te pergunto, o dólar estava caro ou barato?
Na época, estava caríssimo. Na ocasião houve um certo desespero no mercado. Olha essas reportagens falando do tal dólar alto:
Em compensação, só um ano depois, em 09/09/2016, o dólar já estava a R$3,27.
E aí, nesse caso ele estava caro ou barato?
Pasmem, ele estava sendo considerado BARATO.
O que fez com que essa percepção mudasse? Onde anteriormente R$ 2,86 era caro e R$3,27 era barato?
O que ocorreu é que entre 2015 e 2016 houve um pico do dólar e ele chegou a ser cotado em R$ 4,14 e ai quando voltou a R$ 3,27 o pessoal já estava considerando barato, porque o patamar mudou.
Então não se assuste, se o dólar chegar em R$ 4,50 como é a projeção dos economistas para 2021, for considerado barato. Isso e normal, o mercado já terá se adaptado com o novo patamar.
O grande problema é quando essa subida é muito brusca e não temos tempo para nos programar para passar por ela. Aí pega todo mundo de calça curta e causa um pânico generalizado no mercado.
No caso da alta brusca, é mais fácil de visualizar, mas você sabia que uma queda brusca também pode ser um problema?
Pouca gente pensa nisso, mas vou te mostrar os 2 exemplos:
Alta brusca: Você está comprando um produto importado, num momento de estabilidade da moeda. Você já tem o preço do mercado que você e os seus concorrentes estão praticando e de repente, o dólar aumenta. O seu custo vai aumentar bruscamente.
Então o que vai acontecer com o seu fluxo de caixa? Você estava preparado para essa alta tão repentina? Se a sua resposta for sim, ótimo, mas esse é só um dos problemas.
Quer ver… Se o seu concorrente tiver um estoque do produto que ele comprou com o dólar baixo, com certeza ele vai conseguir vender por um preço mais baixo do que o seu. Pelo menos até ele terminar o estoque e comprar com o novo valor do dólar.
Mas, até lá você tem duas opções, ou você repassa o preço para o cliente e corre o risco de perder para a concorrência ou você diminui o seu mark-up para continuar girando até que o mercado se ajuste.
Se no momento da baixa você estiver comprando, tudo bem, vai aproveitar a baixa para comprar mais barato.
Mas, se você tiver muita mercadoria no seu estoque, que você comprou com o dólar alto e o seu concorrente comprou com o novo dólar (mais baixo), ele vai poder vender mais barato, afinal comprou com o dólar baixo. Então mais uma vez você tem um problema, pagou caro e vai ter que vender por menos para concorrer no mercado.
A verdade é que a estabilidade do dólar é o melhor dos mundos para a economia e sobretudo para o importador, como aconteceu em 2017, o dólar passou o ano todo entre R$ 3,27 a R$ 3,30, ou seja, praticamente não variou.
O fato é que isso é muito difícil de acontecer, as variações sempre irão existir, porém, quando ela acontece de forma gradativa, o mercado se ajusta e se adapta ao novo patamar da moeda.
Vejam o comportamento do dólar nos últimos 19 anos:
Uma coisa que é importante colocar aqui é que se o dólar aumenta para você, aumenta para o seu concorrente também.
Ah, mas o produto que eu vendo tem similar nacional. Ok, ele só não vai aumentar se não utilizar nenhuma matéria prima importada, porque se a matéria prima for importada, já era, vai aumentar o preço do produto dele também.
Se o dólar sobe, tudo sobe, é uma reação em cadeia, estamos todos no mesmo barco.
Se você compra de uma importadora no Brasil, com certeza já pensou em importar direto e ultrapassar um elo na cadeia de abastecimento (ou até mais, no caso de você ser varejista vai ultrapassar a importadora e distribuidora). É tudo uma questão de tempo, a evolução do seu negócio é ir direto na fonte, é natural que isso aconteça. Só precisa ver qual é o melhor momento de acordo com o seu negócio.
Durante o processo de análise de viabilidade da importação, você pode perceber que o seu preço seja o mesmo que você paga no Brasil para o seu distribuidor. Isso pode acontecer por alguns motivos.
O principal deles é que o seu distribuidor compra em grande quantidade e isso faz com que o preço dele chegue aqui mais baixo do que o seu, mesmo ele colocando o lucro dele. Se for assim, não insista, esse não é o momento, continue comprando no Brasil e se capitalizando.
O ideal é ter um bom fluxo de caixa, mas sabemos que isso não é fácil para nós empreendedores. Então para minimizar os danos, temos que nos preparar com conhecimento, porque nesse momento quem tem mais conhecimento do seu negócio e dos clientes consegue se sobressair.
Entender que num momento de alta brusca a sua margem pode diminuir ou até ser nula, mas se você conhecer de importação, saber como comprar melhor e como negociar com os fornecedores internacionais, poderá ultrapassar intermediários na cadeia de suprimentos e manter ou aumentar a sua margem de lucro.
Mesmo que uma empresa terceirizada realize a importação por você, é importante que você entenda do processo em si até mesmo para poder cobrar melhor resultado.
Então se mantenha informado e preparado para este momento e para entender melhor quais são os impactos disso na sua empresa. Encontre o ponto de equilíbrio do seu negócio.
Agora que já falamos sobre os mitos e verdades do dólar alto, deu para entender que, apesar do valor do dólar influenciar diretamente na importação, ele será um fator de menor impacto se comparado com o impacto de não estar preparado para as variações do mercado.
Então a resposta é sim, vale a pena, desde que você esteja preparado para as variações, que realize a análise de viabilidade e que ela te mostre que seu produto é viável para importar.
De fato, ter a vantagem de cortar intermediários indo comprar direto da fonte é a melhor opção, mas basicamente, seu primeiro passo é aprender a importar, independentemente do valor do dólar.
Resumindo, vale a pena importar com o dólar alto, desde que seu produto dê viabilidade, desde que ele chegue no Brasil com um preço pelo menos 20 a 25% mais baixo do que você compra no mercado interno e por quanto você pode vendê-lo.
Entenda que se preparar, não quer dizer que tem que ficar parado esperando a crise passar para agir, pelo contrário tem que começar a agir agora.
Se tornar um importador é lucrativo, mas precisa trabalhar e muito, tem que tirar a bunda da cadeira e correr atrás.
Dá trabalho estudar, procurar fornecedor, trocando milhões de mensagens, pedindo amostra, calculando a viabilidade.
Mas o fato é que na hora que isso tudo passar, o mercado que está retraído, vai retomar e você vai estar preparado para começar junto com a retomada da economia.
Comece se preparando, esse é o foco agora!