O Potencial do Vietnã – Brasil vê como grande parceiro comercial

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O Vietnã é conhecido por muitos brasileiros e por boa parte do mundo como o país da Guerra contra os EUA e os famosos vietcongues. Essa fama não é atoa, mas o país tem muito mais potencial. E o mundo começou a perceber isso.

O país ficou muito conhecido nos anos 60 e 70 pelo conflito bélico (Guerra do Vietnã) que manteve com os EUA e venceu, apesar do enorme diferencial de poderio bélico, para o que foi fundamental a tática e dedicação extremada dos guerrilheiros vietcongues. A guerra terminou em 1975 e em 1976 ocorreu a reunificação do Vietnã do Norte com o do Sul, constituindo uma só nação. A partir de então o país se reergueu e a população cresceu aceleradamente, passando de 53 milhões de pessoas em 1979 para cerca de 100 milhões atualmente. Um mercado muito interessante, que vem chamando a atenção de todo o mundo, inclusive do Brasil que quer investir no Vietnã, focando, principalmente, em exportações de produtos agroindustriais.

O Vietnã é um país tropical, situado entre as latitudes de 8°N a 24°N, que corresponde, no Brasil, às latitudes (S) das cidades de Recife e de Santos, respectivamente. Seu território se estende muito no sentido norte-sul, compreendendo climas desde tropical intenso (8°N) até subtropical (24°N) e sua área é comparável à do Estado de Goiás (331.000 km² vs. 340.000 km² de Goiás). A densidade populacional é bem maior que a do Brasil: aproximadamente 302 habitantes por km², ante 25 no Brasil.


Trata-se de um país agrícola. Seu solo é fértil e 70% da população ainda vive no campo, embora boa parcela desse contingente esteja migrando para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida. É importante produtor de arroz: 4º produtor e 2º exportador mundial, assim como 2º produtor e 2º exportador de café. Também é grande produtor de chá, banana e pescado. A principal fonte de proteína animal na dieta dos vietnamitas são os peixes e moluscos, produtos da aquicultura. A produção e o consumo de outras carnes é pequeno, mas pode e deve crescer.

O regime político é o comunista, razão pela qual recebeu ajuda financeira da União Soviética até 1986, quando abandonou o modelo comunista de economia planificada para seguir o modelo chinês de socialismo de mercado e a ajuda soviética cessou, período durante o qual a população chegou a passar fome. Apesar do isolamento que sofreu após o término da guerra, hoje o Vietnã mantem relações diplomáticas com178 países, incluindo os EUA. O Brasil estabeleceu relações diplomáticas com o Vietnã em 1989.

Recentemente, a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, visitou o país atrás de ampliar o comércio bilateral, dado o potencial dos 100 milhões de consumidores; um contingente quase igual à metade da população brasileira. O Vietnã já é importante parceiro comercial do Brasil, com volume de comércio bilateral da ordem de US$ 1,4 bilhões em 2018, quando exportou mais do que importou do país asiático.
A economia vietnamita cresceu em ritmo acelerado na última década: cerca de 6% ao ano desde 2012, e é visto com potencial para ser a porta de entrada dos produtos exportados pelo Brasil para os países do sudeste asiático, cuja associação de 10 países (ASEAN) é presidida pelo Vietnã.

O desemprego, segundo o FMI, é de cerca de 5%. No Brasil, passa dos 13%. Em 2017, a expectativa de vida dos vietnamitas foi semelhante à brasileira (76,5 anos, ante 76 anos para o Brasil) e a mortalidade infantil é um pouco maior lá do que aqui (12,8 mortes para cada 1.000 nascidos vivos no Brasil, ante 16,7 no Vietnã). O analfabetismo é de cerca de 10%, ante 7% no Brasil.
Por incrível que pareça, o Vietnã recebe o dobro de turistas do Brasil: 13 milhões em 2017, ante apenas 6,6 milhões no Brasil. Esses números indicam que o Brasil ainda precisa melhorar muito suas políticas públicas de apoio ao desenvolvimento do turismo e facilitar ações de investimento na infraestrutura pública e privada, para alavancar o crescimento do turismo internacional no País.

Na avaliação da OCDE, o desempenho dos estudantes vietnamitas, medida pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes do ensino fundamental (PISA), colocou o Vietnã na 8º posição entre 72 países avaliados, em 2015. O Brasil ficou na 65º posição, apesar de gastar três vezes mais por estudante. Gasta muito, mas gasta mal.
O Vietnã tem interesse em exportar para o Brasil produtos da aquicultura – peixes e camarões, principalmente e tem necessidade de importar produtos como carne bovina, soja, algodão e milho, onde o Brasil figura como grande produtor e exportador.

Segundo a Consultoria PWc, prevê-se que para 2025 a economia vietnamita será a mais dinâmica do Planeta, com crescimento aproximado de 10% ao ano, o que, segundo estimativas do Banco Goldman Sachs, alçará o Vietnã à condição de 21º maior economia global e com potencial para tornar-se outro tigre asiático, igual ocorreu com China, Japão e Coreia. Para chegar lá, tudo o que o país precisa fazer é imitar os vizinhos que deram certo.

O Brasil aguarda a possibilidade de realizar mais negócios com o Vietnã, dado seu grande contingente de consumidores com renda per capita em franco crescimento e com possibilidade de tornar-se um parceiro preferencial do Brasil.

Via: Canal Rural – Uol

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