Como a guerra comercial China x EUA pode afetar o Brasil

EUA taxará em 10% outros US$ 300 bilhões em produtos da China
Agosto 2, 2019

File photo taken July 5, 2018, shows a Chinese 100-yuan banknote and U.S. dollar banknotes. (Kyodo) ==Kyodo

O Brasil é como “um pequeno barco” no oceano nessa guerra comercial

O Brasil pode ficar em uma situação difícil se realmente houver uma desaceleração mundial, já que isso vai atrapalhar a recuperação da economia brasileira e pode ter um efeito de desvalorizar o real.

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China tem impactado de forma direta o agronegócio brasileiro, já que as restrições impostas mutuamente pelos dois países abriram espaço para a venda de grãos do Brasil para os chineses.

A expectativa é que os produtores brasileiros continuem expandindo a produção de soja e milho, segundo Tarso Veloso, diretor da consultoria ARC Mercosul, especializada no mercado agrícola.

“Os Estados Unidos estão com estoque recorde de soja, que não foi vendido para os chineses. Com o maior comprador de soja do planeta evitando seu produto, o baque é muito grande”, afirmou o analista, que vive em Chicago.

Devido principalmente à demanda chinesa, o Brasil exportou em 2018 um volume recorde de quase 84 milhões de toneladas de soja em grão. Para este ano, segundo Veloso, a projeção é que o volume exportado de soja fique pouco abaixo de 70 milhões de toneladas.

Embora a China continue comprando grãos do Brasil, um outro fator – que não está ligado à guerra comercial – está reduzindo a demanda dos chineses por soja.

A febre suína africana, um vírus altamente contagioso, está dizimando criações de porco na China, país que é responsável por mais da metade da quantidade global de porcos e também o maior consumidor de carne suína do mundo. A China está lutando para conter a doença, que se espalhou para todas as partes do país desde agosto do ano passado.

Para o Brasil, Veloso explica que o abatimento de porcos chineses tem mais de um efeito: a demanda por suínos brasileiros aumenta, mas cai a compra de soja – já que boa parte do produto tem como destino virar farelo para alimentar os porcos.

“O país vai expandir a produção de suínos para exportar para a China e isso deve elevar o consumo interno de soja, o que vai acabar compensando a queda nas compras dos chineses”, disse Veloso.

Em relação ao câmbio, o analista diz que os produtores brasileiros – que preferem um real desvalorizado para que o produto fique mais barato lá fora – estão se protegendo, com operações no mercado futuro, para um cenário de valorização do real. Eles acreditam que a moeda brasileira vai se fortalecer, caso a agenda de reformas, começando pela Previdência, avance no Congresso.

via: BBC

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